sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Campeão: ao contrário da Chape, em 2007 Grêmio escapou de voo que matou 199

No dia 29 de novembro completou um ano da tragédia da Chapecoense, o maior acidente aéreo envolvendo uma equipe de futebol, uma tragédia que abalou o futebol mundial. O avião que levava a equipe da Chapecoense para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana caiu próximo a Medelim, na Colômbia, matando 71 pessoas e deixando apenas 6 sobreviventes, toda a comissão técnica e quase todos os jogadores morreram no acidente, apenas o zagueiro Neto, o goleiro Jakson Follmann e o lateral Alan Ruschel sobreviveram. Mas há 10 anos atrás outra equipe brasileira quase teve o mesmo fim trágico, mas por força do destino escapou da morte. O Grêmio, que nesta quarta(29/11) se sagrou tricampeão da Libertadores, iria viajar para São Paulo no voo da TAM que na noite do dia 17 de julho de 2007 se chocou com um posto de gasolina e um prédio, onde funcionava um terminal de cargas da própria TAM, após tentar pousar no Aeroporto de Congonhas e não conseguir parar, 199 pessoas morreram na tragédia, no que é até hoje o maior acidente da aviação do Brasil.

Pessoas observam incêndio provocado pela queda do avião da TAM,
199 pessoas morreram, time do Grêmio quase embarcava no avião / Foto: AE

Destino ou Sorte?

A delegação da equipe de futebol do Grêmio iria embarcar no voo da TAM, jogadores e comissão técnica fariam uma conexão em Congonhas e seguiriam para Goiânia, onde jogaria contra o Goiás pelo Brasileiro. Mas para evitar problemas em Congonhas a direção do clube resolveu mudar de voo, pegando um voo com escala em Florianópolis, o que acabou salvando a equipe gaúcha do destino trágico.

Incêndio provocado pela queda do avião da TAM / Imagem: AE

"Achamos mais prático não ter de passar pela problemática Congonhas, onde sempre ocorrem atrasos", disse o então presidente do Grêmio, Paulo Odone.

O voo mortal

A aeronave da TAM decolou de Porto Alegre em direção a São Paulo, às 17:19, com 187 pessoas a bordo, incluindo a tripulação, e pousou em Congonhas, às 18:48:50, onde não conseguiu parar ao derrapar na pista devido ao acúmulo de água e outros fatores, acabou atravessando uma avenida e se chocando com um prédio.

Pedaço da traseira do avião da TAM / Imagem: AE

Aos 40 minutos de voo e com metade do trajeto percorrido, a tripulação recebeu alerta a respeito da escorregadia pista de Congonhas. O mais lógico, diante das condições, seria desviar para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a 31 quilômetros de Congonhas.

Mas a inconveniência para os passageiros e tripulantes em época de apagão aéreo pela qual o país passava, e sobretudo a pressão da empresa em evitar outros aeródromos, fizeram o piloto Kleyber Aguiar Lima, de 54 anos, e o co-piloto Henrique Stephanini di Sacco, de 52 anos, seguirem o programado.

Pista do Aeroporto de Congonhas, avião da TAM não conseguiu parar / Imagem: Reprodução

O procedimento de aproximação foi realizado sem anormalidades e, às 18:48:26, o avião tocou o solo de Congonhas. No entanto, em vez de desacelerar, porém, a aeronave seguiu em alta velocidade - para desespero dos pilotos.

O motor 2, à esquerda, desacelerava conforme o comando do cockpit - o manete puxado para "reverso". Entretanto, o manete oposto, que manejava o motor com reverso pinado, manteve-se na posição "aceleração" quando deveria estar em ponto morto. Veja a transcrição dos instantes finais da Caixa-Preta:

18:48:23.0
Torre: Retardar.

18:48:24.5
Cabine: (som do movimento das manetes)

18:48:24.9
Cabine: (som de motores aumentando potência)

18:48:25.5
Torre: Retardar.

18:48:26.3
Cabine: (som parecido com toque na pista)

18:48:26.7
Co-piloto: Reversor número um apenas.

18:48:29.5
Co-piloto: Nada de spoilers (freios aerodinâmicos).

18:48:30.8
Piloto: Aaiii (suspiro).

18:48:33.3
Piloto: Olha isso.

18:48:34.4
Co-piloto: Desacelerar. Desacelerar.

18:48:35.9
Piloto: Não dá, não dá.

18:48:40.0
Piloto: Oh, meu Deus. Oh, meu Deus.

18:48:42.7
Co-piloto: Vai, vai, vai, vira, vira, vira, vira.

18:48:44.6
Co-piloto: Vira, vira para... não, vira, vira.

18:48:45.5
Cabine: (som de forte compressão)

18:48:49.7
Voz não identificada na cabine: Oh, não (voz masculina)

18:48:50.0
Cabine: (pausa nos sons de compressão)

18:48:50.6
Voz não identificada na cabine: (som de grito, voz feminina)

18:48:50.8
Cabine: (som de compressão violenta)

18:48:51.4
(fim da transcrição)


Com uma turbina girando para frente e outra para trás, o JJ 3054 se desgovernou: guinou à esquerda no último terço da pista, deslizou sobre o gramado, avançou contra um muro, cruzou a avenida Washington Luís e se chocou a uma velocidade de 178 quilômetros por hora contra um posto de gasolina e o prédio da TAM Express.

Acidente da TAM, em 2007 / Imagem: AE

Todos as 187 pessoas a bordo morreram, além de 12 outras em solo.

Grêmio se salvou, mas ex-presidente do Internacional...

Se a equipe do Grêmio escapou da tragédia, o ex-presidente do arquirrival Internacional e advogado do Corinthians, Paulo Rogério Amoretty Souza, não teve a mesma sorte e morreu no acidente, aos 61 anos.

Prédio ficou totalmente destruído / Imagem: AE

Outro que morreu na tragédia foi o deputado federal gaúcho e líder da oposição na Câmara, Júlio Redecker, aos 51 anos.

Memorial e investigação

No local da tragédia foi construído um memorial às vitimas, batizado de Praça Memorial 17 de Julho, inaugurado em 17 de julho de 2012, cinco anos após o acidente. Na Praça Memorial há um espelho d'água onde os nomes das vítimas estão gravados e também uma amoreira que resistiu ao incidente.

Memorial foi construído no local da queda do avião / Imagem: AE

Até hoje ninguém foi punido pela justiça como responsáveis pelo acidente. A PF, o Instituto Nacional de Criminalística, o Cenipa e até a BEA, agencia aeronáutica francesa, concluíram em investigação que os prováveis culpados foram os pilotos, que erraram ao manusear os equipamentos, as manetes, que ajudariam no pouso.

"Não vislumbrou essa autoridade policial responsabilidade outra que não da tripulação na ocorrência do sinistro. Isso porque o acidente não teria ocorrido se não tivessem os manetes sido operados de forma incorreta". diz o relatório da PF.

O Cenipa em seu relatório concluiu que a pressão para parar o jato em circunstâncias adversas, agravadas por problemas psicológicos e falhas na preparação, induziu o piloto a um erro. Cinco minutos antes do pouso, o comandante reclama que está com dor de cabeça e fala: "Ainda bem que está perto do fim.".

O erro do piloto

O objetivo do piloto era frear usando o manete do reverso ativado. Depois, levaria para a posição de ponto morto o manete do reverso inoperante. Com a manobra, o avião pararia 55 metros antes do previsto.

Acidente da TAM matou 199 em 2007, ninguém foi punido pela justiça,
as autoridades concluíram que os pilotos foram os culpados pelo acidente / Imagem: Reprodução

Mas o manete direito ficou em aceleração e este motor se preparou para decolar. Já a outra turbina fazia força para o avião parar. O piloto teve 14 segundos para pensar e agir. Se, nesse curto período, o piloto tivesse puxado um dos manetes, que permaneceu na posição de aceleração, para a de ponto morto, a tragédia poderia não ter ocorrido.

Fontes: G1, Estadão e Terra.

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